domingo, 19 de fevereiro de 2012

A cidade do carnaval

Dizem por aí que eu vivo na "cidade com o melhor carnaval da região". Mas, como diria Luther King, "I have a dream", o meu sonho é o de viver na cidade da educação, do meio ambiente, da excelência em saúde, do índice zero de mortalidade infantil, na cidade da moralidade, da igualdade ou simplesmente na cidade da segurança. Mas não é essa a realidade da cidade, a "cidade do carnaval".

Eu vou além. Eu vivo numa cidade de 43.351 mil habitantes. Dias atrás, a imprensa local divulgou com "números oficiais" que eventos em defesa do meio ambiente, co apoio do poder público, reuniram menos de 500 pessoas. Alguns chegaram a colocar a culpa no mau tempo. Mas será que a pessoa que realmente gosta de pular o carnaval deixaria de fazê-lo por causa da chuva?

O direito à cultura é garantido pela constituição e é dever do Estado fazer esse tipo de investimento. Assim, como o direito à saúde, educação, moradia etc. Mas será que não deveria existir alguma forma de prioridade? Se eu morasse na Suécia ou na Finlândia e tivesse saúde e educação de excelente qualidade provida integralmente pelo Estado, eu seria o primeiro a ir pras ruas defender o investimento em cultura, principalmente se for cultura histórica e popular e que envolvesse uma "grande" parcela da população. Não uma festa celebrada como feriado nacional, mas que efetivamente envolve talvez não mais do que 0,01% da população. Sem contar que há registros oficiais que demonstram que o período do ano em que há mais acidentes nas estradas, homicídios, transmissão de DSTs e gravidezes indesejadas de adolescentes e jovens é justamente nesse período. Por que será? Uma festa popular, histórica e cultural não deveria ser mais "pacífica", "educativa" ou "conciliadora"?

Sobram populismo e hipocrisia. Enquanto isso, é fevereiro, é feriado, "viva o carnaval!!!".

Por Nacélio Rodrigues Lima

Adaptado: http://eupensandonavida.blogspot.com/2011/03/o-pais-do-carnaval.html

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